Investir em ações é para qualquer pessoa, desde que haja planejamento e atenção

| 12 de jun. de 2015
Por Fábio Duran

Existem mais de meio milhão de brasileiros que investem na bolsa de valores, segundo dados da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa) de abril deste ano. Foram contabilizados 584.864 investidores, sendo 96% de Pessoas Físicas. O critério utiliza o CPF cadastrado em cada agente de custódia, ou seja, pode contabilizar o mesmo investidor caso ele possua conta em mais de uma corretora. O fato é que o número não chega a 1% da população brasileira.

Especialistas dão dicas para quem pretende entrar no mercado de ações

Segundo o portal InfoMoney o Brasil está em grande defasagem se comparado aos EUA, que tem 65% da população investindo em ações. Uma pesquisa do Instituto Rosenfield, encomendada pela BM&FBovespa em 2012, mostra que as pessoas não investem em ações por desconhecimento, falta de dinheiro, baixa renda e medo do risco. 12% dos entrevistados veem a Bolsa como investimento "para ricos".

A administradora de empresas Carolina Paiffer, que opera no mercado financeiro há 10 anos, revela que a bolsa de valores não é exclusividade dos ricos. “A pessoa pode fazer um pé de meia para o futuro e começar com 100 reais por exemplo. Ou seja, qualquer um pode investir”, afirma.

A Bolsa de Valores é o órgão que controla o mercado de ações, registra as operações de compra e venda dos investidores. É possível investir em quantas empresas quiser, e o retorno pode ser negativo ou positivo, dependendo da empresa escolhida. “É como comprar qualquer coisa, se comprar um terreno por 10 e vender para o João por 12 teve rentabilidade de 20%. Se você comprar por 10 e não tiver ninguém interessado e você vender por 8 teve prejuízo. Apenas isso, oferta e demanda todos os dias”, explica Carolina.

Ação dos Traders* na Bolsa de Valores de São Paulo (Foto: Galeria de Léo Pinheiro)

A pesquisa também mostra que o brasileiro prefere investir em poupança, menos rentável, contudo, menos arriscada. Mas segundo a Comissão Nacional de Educação Financeira (Conef) quase metade dos clientes de bancos usam a poupança mais como conta-corrente do que como investimento para o futuro.

Para o economista Valdir Juvêncio o investimento em bolsa de valores é, teoricamente, o que dá o maior retorno sobre o valor investido. “O juro sobre o capital tende a ser maior do que qualquer outro investimento, sendo poupança, CDI, CDB, por exemplo. Isto torna interessante o investimento em ações”, diz.

Mas Juvêncio não acredita que o investimento em ações pode deixar uma pessoa rica, pois depende muito do conhecimento do mercado, de comprar e vender no momento certo. “Pois somente assim você vai conseguir lucrar mais com esse tipo de investimento. É comprando em baixa e vendendo em alta”.

“Vale lembrar que nas corretoras tem muito material didático para começar a aprender, inclusive no site da BM&FBovespa”, sugere Carolina Paiffer

Carolina conta que existem investimentos curtos Ela compra e vende dólar no mesmo dia, movimentação conhecida como daytrade. Mas para o pequeno investidor tem que ser de longo prazo. “Ele tem que entender que existem oscilações e não ficar nervoso com qualquer queda. Eu aconselho começar com um fundo, pois através do fundo você pode começar a poupar todo mês e tem um gestor, uma pessoa com certificação para gerir os investimentos de todos que fazem parte”, explica.

Ela indica que o primeiro passo é abrir um cadastro em uma corretora. Todas trabalham de forma parecida: o corretor irá explicar como funciona e ajudar com base nos objetivos e valores que se quer investir. Através deste cadastro o investidor terá um Home broker (como se fosse um internet banking), onde poderá acompanhar os investimentos até pelo celular. “Não precisa conhecer muito, mas precisa entender que tem risco, ou seja, não venda sua casa para investir na bolsa. Invista um dinheiro que você gastaria com bobagens e procure o conselho de um corretor. Ele não vai te cobrar pela consultoria e vai te poupar de vários erros comuns”, alerta.

*O trader, no contexto de investimentos financeiros, é um especulador, que se engaja na transferência de ativos financeiros, para alguma instituição ou para si próprio e vivem essencialmente da atividade de operador de mercado de ações
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