“A arte de escolher ser feliz”

| 24 de nov. de 2014
| Por Caroline Moraes

Vivemos entrelaçados a um cotidiano um tanto quanto caótico. Nascemos e morremos. Estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos, praticamos exercícios, adoecemos. Ninguém escapa desse script, já dizia a escritora Martha Medeiros. Se comunicar por arte em todos esses passos, talvez devesse ser a única forma de vencer a comodidade e o oportunismo.

Érico Junqueira está com o projeto solo "Valentin" - Foto: Arquivo pessoal

Érico Junqueira, 29 anos, ex-vocalista da doyoulike! e atualmente no projeto solo Valentin, acredita que o único caminho capaz de chegar diretamente no íntimo sem passar pelos filtros sociais, morais é pela arte. Ele decidiu trabalhar como músico para fugir do horário comercial, que segundo ele, não produz nada além de dinheiro: “É a pura troca do tempo por dinheiro. É alienante”. Para Érico, trabalhar com música lhe permitiu autoconhecimento.

“É uma possibilidade de sair da zona de conforto, de lidar com diferentes situações e pessoas, de conhecer outras realidades e ampliar a visão de mundo”, disse.

Entretanto, vivemos em uma sociedade que já tem pré-disposição para o julgamento. Érico conta que ouvia da família o tempo todo, que ser músico não ia dar em nada e que ele precisava arrumar um “emprego de verdade”. “Talvez seja verdade. Talvez um dia eu faça isso. Mas aí tenho a esperança de, nesse momento, estar bem pertinho de morrer”, enfatiza.

Charles Furlan atualmente vive na Argentina
através de sua arte - Foto: Arquivo pessoal

Charles Furlan, artista de rua, de Sorocaba (SP), diz sentir o preconceito vindo da família de certa forma: “vejo a admiração deles em alguns momentos, porém aprovação creio que não tenho. Eles esperavam outra forma de vida para mim”. Furlan, que atualmente vive na Argentina através da sua arte, desabafa sobre a percepção que a sociedade tem de artistas de rua.

“Ser artista de rua carrega a visão pela aparência de ser vagabundo, drogado, sujo, sem família, sem estudo, sem casa, violento, traumático.Há um momento em que todos nos sentimos libertos, nós podemos tudo, e quem bloquear certos impulsos poderá ficar aleijado o resto da vida, não escolhendo seu próprio caminho”.



Bruno Rodrigues desde jovem já 'brincava de ter banda'
Foto: Arquivo pessoal

Para Bruno Rodrigues, 25, músico, o primeiro preconceito começa em casa. Ele conta que aos 14 anos quando começou a brincar de ter banda, surgiram alguns problemas: “sempre fui bem rebelde e batia de frente, não dei atenção a opinião de ninguém e segui nos sonhos”, relata.

Bruno conta que ainda tem um olhar receoso da família com o fato de não ter uma faculdade, mas agora, o respeitam. “Hoje em dia tenho minha mãe no meu facebook, que acompanha a minha realização de sonhos e silenciosamente vou ganhando esse respeito”.


Série Faces do preconceito
Este texto é uma colaboração da 19ª edição da Revista Foca.
Acesse http://bit.ly/rfoca19, leia e conheça o projeto.
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