"Pra cima dos omes", disseram as feministas

| 8 de jan. de 2015
| Por Caroline Moraes



Não faz muito tempo que elas deixaram as sombras de seus "homens" e permearam na conquista de um mundo só seu. Era difícil em uma sociedade antropológica e machista, enxergar um mundo feito por mulheres. Eram a elas designada o papel de parir, cuidar de suas crias, maridos e casa. Não faz muito tempo que 600 mulheres foram mortas queimadas na fábrica Triangle Shirtwaist, enquanto trabalhavam.


A imagem de "We Can Do It!" foi usado para promover o feminismo
e outros temas políticos da década de 1980 - Foto: Reprodução

O movimento feminista ainda é novo, e é comum vermos poucos conhecedores de causa. Para a dona da página Feminista Sincera no Facebook, com quase 11 mil curtidas, o movimento ainda é visto de forma pejorativa pela sociedade. "Não somos nós que temos que nos adequar a um discurso aceitável para todos, e sim todos deveriam tentar saber mais sobre o movimento e entender o sentido da militância", esclarece. Sobre a liberdade corporal das mulheres, ela diz que podem sim usar roupas curtas e ficar com quantos homens quiser, mas ainda são apenas os homens que tem liberdade sexual de verdade: "Nós ainda somos julgadas, e muito, por causa disso. A nossa "liberdade sexual" continua beneficiando só a eles", exalta.

Ingrid Manente, estudante de Ciências Sociais e militante no "Frente de Mulheres da PUCC" e da "Coletiva das Vadias" de Campinas, conta que decidiu por participar do movimento depois de analisar o comportamento de sua mãe em casa. "Eu seguia a religião da minha mãe que pregava que a mulher deveria ser submissa ao homem, e eu não queria ser uma mulher domesticada futuramente. Era o meu maior pesadelo!", conta.

O feminismo é dividido em várias designações. O feminismo liberal, que quer a igualdade entre os gêneros; o radical, que é contra toda e qualquer dominação masculina sobre a mulher; o classista, que foca na questão das mulheres trabalhadoras; e o intersecional das mulheres negras, das mulheres pobres e das pessoas trans.

Assim como o movimento LGBT, o feminismo conta com marcha e encontros para a divulgação da causa, como por exemplo, a Marcha das Vadias. Movimento internacional de mulheres criado em abril de 2011, na cidade de Toronto – Canadá, em resposta ao comentário de um policial que disse "para evitar estupros em uma universidade, as mulheres deveriam parar de se vestir como “sluts” (vadias, em português)".

"Nem todas as princesas têm que usar rosa e sonhar com príncipe encantado. Você pode escolher". (Marcha das Vadias)

Ingrid conta que se identifica mais com o feminismo classista e com o feminismo intersecional que surgiu com as mulheres negras na década de 70, e diz que cada marcha é diferente da outra. "A maioria das Marchas das Vadias tem um caráter mais burguês, sabe? Parece que não dialoga muito com as mulheres mais pobres", comenta.

O movimento acima de tudo, prega a igualdade de gêneros. Uma mulher pode sim ganhar mais que um homem, usar azul ou governar um país.

Série Faces do preconceito
Este texto é uma colaboração da 19ª edição da Revista Foca.
Acesse http://bit.ly/rfoca19, leia e conheça o projeto.

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